Novamente em alta, os recordes da mais famosa moeda digital também se refletem em recordes de procura e curiosidade. Como sempre, surgem os questionamentos.
“Mas será que faz sentido tudo isso?”
Se você ainda não teve a chance de se aprofundar no assunto, pense a respeito: há motivos sérios pelos quais os Bitcoins valem tanto ‘dinheiro de papel’.
Neste artigo, me atrevo a te explicar um pouquinho destes porquês.
1: O Bitcoin é um Banco.
Conhecido primariamente como uma moeda, ao analisarmos a tecnologia que move sua blockchain descobrimos que ela foi criada como algo bem mais complexo: o Bitcoin executa todas as funções essenciais pelas quais as pessoas, há milênios, recorrem à figura dos Bancos.
O mais puro e simples mecanismo que manteve a atividade bancária em perpetuidade pela história humana é um dos maiores valores por detrás da maior criptomoeda.
Você deposita valores e os movimenta conforme desejar, tudo garantido por comprovantes que possuem a confiança das partes.
A rede do Bitcoin provavelmente nunca vai emitir um cartão de plástico para você levar no bolso. Nunca vai te ligar oferecendo um seguro ou um empréstimo…
Mas vai guardar seu dinheiro e respeitar os seus comandos até o final dos tempos [da internet], de um modo que nenhum banco de tijolo jamais sonhou em conseguir.
Sua confiança é matemática. Um sistema vivo que se perpetua de maneira programada e previsível. O serviço oferecido neste “Banco” é prestado exclusivamente pelas máquinas da rede. Computadores transformam eletricidade em informação, através de um código transparente, no qual qualquer pessoa pode atestar os resultados.
Um banco sem donos, sem funcionários e sem vontades próprias, onde o algoritmo é a própria lei. Bitcoin e sua blockchain são um conceito matemático – um conceito com o qual podemos interagir financeiramente.
E, considerando que para ter acesso a tudo isso você só precisa da sua Chave Privada, uma senha composta por 12 palavras mnemônicas, esse sistema permite, na prática, que você armazene qualquer quantia de dinheiro… na sua cabeça!
Ao memorizar a frase de segurança que concede acesso à carteira digital, pessoas ganham, pela primeira vez na história, a habilidade de armazenar até mesmo BILHÕES de dólares no único lugar onde ninguém jamais poderá ter acesso - talvez o último refúgio absolutamente privado da era moderna.
Imagine andar com um cofre impenetrável dentro da sua própria cabeça: com as senhas memorizadas, nenhum oligarca ou governo, nenhum golpista, assaltante ou malfeitor pode acessar o seu dinheiro. Nada pode tirar um Bitcoin de você.
2: O Ouro Digital
Dizem que o ouro, em última análise, tem função no mundo real, podendo ser aplicado em joias e tecnologias. Mas, sabemos, é a facilidade de carregá-lo no bolso e confiar que este valor dificilmente será perdido (se bem cuidado) que faz o metal dourado ser visto como a reserva de valor mais antiga da humanidade.
No mundo financeiro moderno, porém, o ouro resolve poucos problemas. Trabalhoso pra trocar, arriscado para carregar e confiscável por governos autoritários, o metal precioso parece ultrapassado na era da internet.
Essencialmente, já não há necessidade monetária para a sua existência: você não precisa de ouro nem mesmo para transacionar ouro. Até os contratos de ouro são pactuados em dólares: você compra e vende sem nunca encostar no metal.
Assim, é a posse de dólares que resolve, na prática, uma série de problemas reais: com dinheiro de papel tenho acesso a um vasto sistema internacional de trocas. Um mercado global de bens e serviços, onde o dólar é NECESSÁRIO para se participar.
Bancos, bolsas de valores, remessas internacionais, commodities e uma infinidade de outros entes formam uma rede massiva que movimenta ativos físicos e financeiros, onde os valores possuem quase sempre a mesma denominação: o onipresente US$.
Mas, diferentemente do ouro, uma moeda de dólar precisa ser emitida por alguém.
O governo americano, dono da mais poderosa impressora de dinheiro do mundo, é o responsável por criar estas moedas e garantir suas regras de uso – e vem consistentemente abusando deste poder.
E, embora seja possível guardá-las no bolso, a capacidade de se estocar notas físicas é bastante limitada, com a incômoda tendência de perderem valor ao longo dos anos - fenômeno o qual denominamos inflação.
Assim como todos os países do mundo, moedas emitidas por governos e seus bancos centrais estão sujeitas a todo tipo de controle, manipulação e exageros. Políticos e agentes econômicos podem modelar o sistema para benefício de alguns, e a confiança no dinheiro está sempre em jogo.
Nas chamadas moedas fiduciárias, o valor não é dado por nada além da crença de que este sistema se sustenta de pé, e que, portanto, alguém amanhã vai aceitar receber o pedaço de papel que me deram hoje.
E se pudéssemos unir a autonomia de valor intrínseco do ouro, independente e escasso, com a disponibilidade de uma vasta rede internacional online como no dólar e outras moedas nacionais?
Bem, esta foi a visão que levou ao surgimento do Bitcoin.
Sua rede, considerada a mais segura do mundo, graças à inovação de sua fórmula matemática, resolve problemas no mundo real. Nela, cada unidade da moeda é única, apesar de virtual, jamais podendo ser copiada. Ao contrário de arquivos de computador, a criptografia garante que nenhum Bitcoin poderá ser clonado ou falsificado, e que assim a sua quantidade em circulação permanecerá fixa para sempre.
No Bitcoin, não há impressora de dinheiro para políticos brincarem.
Ao criar uma solução completamente alternativa para a movimentação de dinheiro e a crescente desconfiança sobre as entidades internacionais que o custodiam, a blockchain do Bitcoin elimina a necessidade destes agentes econômicos potencialmente falhos e inseguros.
Além disso, essa rede é eficiente, transacionando com velocidade e custos atrativos.
Fundamentalmente, o Bitcoin resolve problemas no mundo real que nem mesmo o ouro resolve, e faz isso de maneira mais eficiente que o dólar.
3: A Moeda Comum
A conversibilidade universal do bitcoin é ponto chave no valor de sua rede.
Ao criar um sistema de troca financeira muito mais fluído entre todas as economias do mundo, onde qualquer moeda pode entrar de um lado e qualquer moeda pode sair pelo outro, rompendo barreiras antigas do sistema financeiro mundial, a humanidade finalmente jogou o dinheiro para dentro da internet.
Assim como o email não precisa de uma filial em cada país para ser entregue, o Bitcoin permite que o dinheiro circule sem fronteiras. Removemos a fricção da troca monetária, dando a qualquer pessoa com um celular na mão a capacidade de mover dinheiro a qualquer lugar do mundo, para qualquer pessoa com um celular na mão.
Essa fluidez, por sua vez, permite uma arbitragem muito mais intensa de economias, e o mecanismo que permite explorar esta fruição cobra seu preço em BTC. Ou seja, a cripto nativa do sistema é também a carta coringa para explorar a volatilidade dos fluxos internacionais.
Tal qual um governo, a Rede Bitcoin cobra seus “impostos” em moeda local - o BTC.
Assim, de maneira semelhante a que investir nas ações de um banco te permite faturar com o crescimento da empresa, investir no BTC pode te entregar os dividendos do sistema monetário mais disruptivo já criado.
E, ainda melhor, as ações desse banco virtual são também a própria moeda que circula em suas contas. No Bitcoin, todo correntista também é sócio.
4: Criptomoedas Permitem a Concorrência com Estados
Este ponto traz uma observação que não é necessariamente positiva, mas que deve ser encarada. Em última análise, representa mais um motivo pelo qual a busca por estes sistemas continuará aumentando, e, portanto, atraindo mais valor às criptomoedas.
Dentro do capitalismo, ocasionalmente, alguns entes privados se comportam como governos. Em economias mais abertas ao livre mercado, onde o capital possui maior autonomia para competir e se desenvolver longe de amarras do Estado, não é incomum agentes privados se aventurando na prestação de serviços tipicamente públicos dos países.
É o caso de grandes redes de hospitais e saúde, do setor de ensino, as chamadas utilities (gás, luz e água), transportes e logística, segurança privada e tantos outros. Quando reunidas em entidades, federações e outras organizações para defesa de seus interesses, formam lobbies capazes de influenciar profundamente a vida de todos.
Gostemos ou não, parece imparável esse movimento onde o privado busca competir frontalmente com a capacidade dos governos em organizar nossas vidas.
De soluções econômicas à oferta de serviços essenciais, vemos empresas cada vez mais onipresentes e indispensáveis no cotidiano do século XXI.
E, de maneira crescentemente ousada, entidades como o Fórum Econômico Mundial (WEF) se propõem a atuar como um governo privado num sentido ainda mais essencial: ditar os rumos das nossas sociedades, através de políticas econômicas e sociais que refletem a visão particular de seus mandatários [não eleitos].
Ao oferecerem um conjunto de soluções eficientes para a vida do cidadão, esses entes privados tinham quase tudo para conseguir competir de frente com entes públicos.
Faltava-lhes um detalhe importante: o dinheiro é controlado pelo Estado.
Ou, pelo menos, era.
A introdução de uma moeda não-estatal global, como o BTC, seria um passo fundamental para a consolidação destes concorrentes aos governos tradicionais. Uma rede monetária sem controle das autoridades estatais abre portas a uma série de conquistas impensáveis aos capitalistas do século passado.
Seguramente, nossas elites já perceberam este potencial…
Resta a você se proteger e, quem sabe, tentar participar da festa.
Concluindo…
Este artigo não visa explicar como a criptomoeda pioneira funciona, mas o porquê.
Caso você tenha interesse em saber mais sobre a tecnologia, certamente há uma infinidade de textos e vídeos que farão um excelente trabalho, mas a verdade é que, assim como num chip de computador, pouco importa como funciona:
o importante É QUE FUNCIONA.
Uma série de fatores trouxe o Bitcoin para as alturas que vemos hoje, e potencialmente uma série de outros continuarão puxando os preços ainda mais.
No momento, não há motivos aparentes para que o BTC pare de subir no longo prazo.
Estas e outras forças não exibem sinais de esgotamento, e podem continuar alimentando as altas por muitos anos à frente.
Uma coisa é certa: a trajetória será cheia de solavancos, onde muitos perderão enormes quantias (e sanidade). Caso você decida se aventurar nesta montanha-russa, faça com cautela. Estude, seja criterioso e não caia em armadilhas.
Lembre-se: neste mercado, não há governo para segurar a sua mão.
Você é o único responsável pelo seu dinheiro!
CUIDE BEM.
😉✌🍀
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BÔNUS! Qual o Futuro destes “Governos Privados”?
Se bem-sucedidos, ao consolidarem poder, podemos chegar a um ponto onde as próprias sociedades, agora acostumadas e dependentes deste sistema, passarão a exigir que essas organizações privadas mantenham representantes eleitos pelo povo em seus quadros: vamos exigir representatividade dos entes privados, na esperança de torná-los mais democráticos - e provavelmente vamos conseguir.
Mas não se engane.
O que parecerá uma vitória da população, dos “99%”, será, na verdade, a legitimação da autoridade dos Governos Privados.
A elite privada, desde sempre, foi parte dos governos.
Agora, “governos” farão parte das elites privadas.
Fiquemos de olho.
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